Escultura de
Chico Liberato
Localização
Praça Wilson Lins, Pituba
Dimensões
2,20m x 7,50m x 1,80m
Material
Aço e tinta sintética
Data de inauguração
10/06/2010
Informações
71 9972.7474 / 3351.6109
adm@expoart.com.br
VASCO DA GAMA, O NAVEGADOR | Por Francisco Senna, Arquiteto e historiador
Ao final da Idade Média, os oceanos se apresentavam como uma rota comercial alternativa à rota da seda, comprometida pela tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453, tão necessários para a expansão mercantilista européia. O século XV foi, portanto, um divisor de águas para a civilização ocidental cristã e para todos os povos descobertos, conquistados, explorados e colonizados.
Investidores visionários e navegadores corajosos expandiram fronteiras e deflagraram um gigantesco processo de globalização, nunca antes ocorrido no planeta. Os oceanos traçaram novas rotas, com suas correntes e ventos, consagrando heróis por seus feitos e invenções.
A partir do infante D. Henrique – o Navegador, que deu origem à emblemática Escola de Sagres em 1419 e investiu no desenvolvimento da navegação marítima para Portugal, sucederam-se as grandes descobertas e conquistas. Nomeado administrador da Ordem dos Cavaleiros de Cristo em 1420, introduziu nas velas das naus lusas a Cruz de Copta ou Cruz de Cristo, como uma bandeira cristã com o espírito das cruzadas.
A conquista da foz do Rio do Ouro em 1444, na então desconhecida costa africana, hoje Senegal, foi porta para o tráfico dos primeiros escravos negros para a Europa. Deu início à diáspora africana e transformou o ser humano em objeto de comércio junto com as
ambicionadas especiarias e variada riqueza de produtos.
O navegador Bartolomeu Dias, que dobrou o Cabo das Tormentas em 1487, inventou a Caravela em 1495. Reforçou a estrutura do Caravo, antiga nau árabe e misturou velas latinas triangulares a velas redondas, o que permitia à embarcação navegar a favor ou contra o vento, ou seja, bolinar. A Caravela foi uma fundamental invenção que possibilitou a expansão marítima.
Grandes navegadores como Diogo Cão, Vasco da Gama, Cristóvão Colombo, Pedro Álvares Cabral, Gonçalo Coelho, Américo Vespúcio, Jacques Cartier, dentre outros realizaram importantes descobertas. Contudo, o poeta e marujo português Luís Vaz de Camões, ao retornar a Portugal em 1569, com seu poema épico Os Lusíadas, depois de viajar pelos portos da Índia e da China, imortalizou Vasco da Gama como o grande herói português dos descobrimentos marítimos.
Vasco da Gama, fidalgo português nascido em 1465 em Sines, comandou uma expedição de 170 homens com três naus; São Gabriel, São Rafael e São Miguel e uma naveta de mantimentos de nome Bérrio. Partindo de Lisboa em 8 de julho de 1497, chegou próximo às costas do Brasil em 22 de agosto e dobrou o Cabo da Boa Esperança em 20 de novembro do mesmo ano. Desembarcou na costa sul da África, em Mossel Bay, e nos postos de Sofala e Mombaça, na costa oriental.
Alcançou a Índia, chegando a Calicute em 27 de maio de 1498, onde não estabeleceu relações amistosas com o Sultão, que se recusou a negociar com presentes baratos. Retornando a Lisboa em 10 de julho de 1498 com 55 homens e duas naus, meses depois orientou Pedro Álvares Cabral sobre a possibilidade da existência de terras no extremo oeste do atlântico sul na rota para o caminho das Índias, o que determinou a descoberta do Brasil.
Em 1502, Vasco da Gama retornou ao Oriente com a chamada Esquadra da Vingança, praticando extrema belicosidade contra os povos da Índia e da Malásia, para a instalação de feitorias, com atos cruéis de pirataria. Faleceu em Portugal no ano de 1524, com seus feitos reconhecidos.
Na era em que a humanidade desbrava o espaço sideral com outras naus, Chico Liberato, artista plástico cuja obra traça um caminho sempre revelador de novas rotas e percepções, aporta na praia da Pituba, em Salvador, uma Caravela-Monumento, que representa a revolucionária saga dos navegadores portugueses, ressaltando Vaso da Gama. Nas suas velas estão gravados a Cruz de Cristo, dos descobridores portugueses e o Opaxorô de Oxalá, representando a diáspora africana.