expoart
colunistas >> 
Literatura & Cinema >> 
  Henrique Wagner
Teatro baiano >> 
  Henrique Wagner
Artes Plásticas >> 
Obs: A Expoart apenas publica artigos enviados por seus usuários e colunistas.
O conteúdo dos artigos e as opiniões emitidas pelos seus autores são de sua exclusiva responsabilidade.
Artigos >> 
[Listar todos os Artigos] [Comentar e Ler Comentários]

A LUZ COMO ELEMENTO DA COMPOSIÇÃO TRIDIMENSIONAL

"Antes de começar este artigo, se faz necessário esclarecer um aspecto muito importante: minha última obra plástica não pode estar separada do meu labor como pesquisadora nos últimos quatro anos. Durante mais de uma década fui realizando uma série de estudos que previamente desenvolvi na Bahia. Desde 1984, costurava pedaços de telas que me sobravam, aproveitando para fazer diversas experimentações, dando volume ao que antes era plano e estático, conseguindo desta maneira as primeiras telas volumétricas.

Tive uma forte experiência com uma visão antecipada sobre a Espanha quando elegi este país entre França e Estados Unidos para cursar meu doutorado. A grande coincidência foi que minha pesquisa era como um seguimento do que havia feito o artista espanhol, já falecido, Manuel Millares. Fato que desconhecia.

Depois comecei o tema para minha tese sobre a Desmistificação do suporte pictórico (a tela) e para isso, concorri a uma bolsa de estudos, para Espanha onde me instalei por quatro anos, onde tive oportunidade de viajar pelos "pueblos" de Castilla e cidades como Segovia, Cuenca, além das regiões de Galícia e Andalucia e observar a luz como fator preponderante nas construções românticas e góticas.

A luz como elemento filosófico, aparece na região Cristã, através da influencia do Neo-patonismo. Principalmente no cristianismo, a luz é tida como uma graça de DEUS que chegará aos homens, através da PALAVRA SAGRADA e através da arte, a luz é simbolizada não só através do ouro, como também do brilho conseguido pelo claro-escuro das pinceladas de tintas, por exemplo de Carvaggio e Rambrantt.

Com as viagens, adentrando a Espanha pude ver e fotografar janelas das casas antigas, muitas vezes seculares, palácios, igrejas, ruínas, casas de pessoas pobres e parcialmente demolidas deixando marcas do passado, algumas apenas com "ventanas" abertas e desgastadas pelo tempo, onde a luz natural era o único habitante. Minha obra tomou muitas coisas destas janelas que eu reproduzia em meus quadros. Desta forma a luz explode do interior das obras, em formas de caixa de luz. Recentemente estive desenvolvendo uma exposição cujo tema é em homenagem aos "SEM TERRA". Onde além das janelas aparecem buracos, fendas e aberturas, através das quais passa a luz elétrica, na maioria das vezes coada pelos diferentes materiais, utilizados como peneiras tecidos de calhamaço, rendas, tramas diversas. Como matéria pictórica, além das tradicionais tintas acrílicas e PVA, utilizo terras naturais do solo baiano, tanto como conceito como recurso plástico. Aí, propositadamente a luz tanto ilumina o interior das obras, quanto perfura a superfície das caixas compostas de diferentes tipos de tecidos que mais parece uma crosta que película pictórica enriquecidas de diferentes materiais como pregos, restos de sucatas eletrônicas, botões parafusos, molas, etc., iluminando-as surpreendentemente. Mostrando as riquezas naturais e também industrializadas do nosso país. Essas riquezas devem estar à disposição de todos. Em esta exposição quis mostrar o resultado de como se pode utilizar recursos naturais para expressarmos e também compartilhar com todos brasileiros e pessoas do mundo que se preocupam não somente com a estética mas também com o bem estar e as necessidades do homem simples, o homem do campo."

(GRAÇA RAMOS, 1997)

Para comentar, você deve utilizar sua conta do Facebook, Hotmail, Yahoo ou AOL.

©2001 Expoart Serviços Ltda. Todos os direitos reservados.